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Panteão dos Almeida

A Igreja de Santa Maria do Castelo é também o Panteão dos Almeida, com nova musealização desde 2021, que substituiu, 100 anos depois, o Museu D. Lopo de Almeida, criado em 1921 como museu regional.

D. Diogo de Almeida, alcaide-mor, reconstruiu a igreja no século XV e transformou-a em panteão. Entre as muitas personalidades que contribuíram para a glória portuguesa dos séculos XV e XVI, contam-se os membros da «Casa dos Almeida de Abrantes», muitos deles sepultados nesta igreja.

A par do rico tumulário, no interior da igreja, constituem património relevante os azulejos sevilhanos de corda-seca, os vestígios de frescos e a moldura do políptico manuelino.

Para além da moderna musealização dos elementos patrimoniais, no interior da igreja existe agora uma mesa interativa onde os múltiplos elementos podem ser explorados, bem como a exibição de um documentário na antiga sacristia.

No acesso ao coro alto pode ainda observar-se algum acervo arqueológico recolhido em várias escavações que, em diferentes momentos, ocorreram na fortaleza abrantina.

A visita ao Panteão pode ser complementada com passeios pelo Castelo e à sua Torre de Menagem e ainda ao Palácio dos Governadores, ao Jardim do Castelo e ao Outeiro de S. Pedro.

Igreja de Santa Maria do Castelo

Classificada como Monumento Nacional, a igreja de Santa Maria do Castelo é um templo quatrocentista, de carácter paroquial, mas edificado em contexto essencialmente palaciano. A sua construção não pode dissociar-se do paço que os condes de Abrantes (família Almeida) edificaram, por essa altura, no perímetro do castelo e a escassos metros do templo. A sua fundação é, todavia, mais antiga, recuando, presumivelmente, ao reinado de D. Afonso II e ao ano de 1215. As suas paredes testemunharam a passagem de reis e rainhas, príncipes e princesas, em momentos de fausto e de celebração, mas também de tristeza. Os restos mortais do infante D. Pedro, morto na batalha de Alfarrobeira, foram aqui depositados antes da trasladação para o mosteiro da Batalha.

Igreja de Santa Maria do Castelo

Nos inícios do século XVI, o primitivo templo foi significativamente transformado em igreja condal e panteão. Redimensionada, tanto em comprimento como em altura, passou a ter um coro alto sustentado por arco abatido, um púlpito e uma torre sineira. Em 1834, cessou o culto nesta igreja. Na década de sessenta e inícios da seguinte foi intervencionada pela Direção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, tanto no exterior como no interior.

No ano de 1921, a igreja foi convertida em museu regional, com o nome D. Lopo de Almeida, albergando um importante espólio de arqueologia e uma admirável coleção de arte sacra, proveniente de outros templos abrantinos. Uma parte dos acervos do antigo Museu D. Lopo de Almeida podem agora ser apreciados no MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte.

Os Almeida – 1ºs condes de Abrantes e destacados colaboradores da Corte Portuguesa

Desde finais do século XIV que a família Almeida assume papel relevante nos destinos e privilégios da vila de Abrantes. A história notável dos Almeida atravessa várias gerações de homens com carreiras brilhantes nos reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I. Da sua linhagem saíram conselheiros reais, priores, diplomatas nas altas esferas estatais, cavaleiros valorosos, bispos e inquisidores, aios de infantes e protetores de rainhas.

Fernão Álvares de Almeida foi companheiro do rei D. João I nas lutas pela independência de Portugal. A par de outras importantes funções, foi alcaide-mor de Abrantes e vedor da Casa Real. O filho, Diogo Fernandes de Almeida, participou na conquista de Ceuta, onde foi armado cavaleiro pelo futuro rei D. Duarte. D. Lopo de Almeida (n. 1416?) foi o seu digno sucessor. Alcaide-mor e 1º Conde de Abrantes, foi o primeiro português a chegar ao Rio do Ouro – Guiné, participando nas conquistas de Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger. Homem de Estado, de armas, empresário, diplomata, fundou em Abrantes o Hospital do Salvador e o 1º Convento de S. Domingos, perto do “Rio Pombal”, em Alferrarede.

Homem de grande cultura e amante das artes, talvez por isso o seu nome tenha sido escolhido como patrono do museu instalado na igreja de Santa Maria do Castelo, hoje Panteão dos Almeida. Casado com D. Beatriz da Silva, que chegou a ser camareira-mor de rainhas, tornar-se-ia verdadeiramente notável a sua prole, qual outra «Ínclita Geração».

Túmulos da Capela-mor

De entre os filhos de D. Lopo de Almeida, destacam-se, entre outros, D. Francisco de Almeida (1457? 1510), primeiro vice-rei e fundador do Estado Português da Índia; D. Jorge de Almeida (1458-1543), um dos mais distintos bispos de Coimbra e homem do Renascimento e D. Fernando de Almeida (1467-1500], bispo de Ceuta, com papel decisivo nas negociações que culminaram no famoso Tratado de Tordesilhas.

Tumulário

Na capela-mor encontram-se dois exemplares extraordinários de escultura funerária. São os túmulos de D. Diogo Fernandes de Almeida, (do lado da Epístola), que foi alcaide-mor de Abrantes, e do seu filho e nora, os primeiros Condes de Abrantes, D. Lopo de Almeida e D. Beatriz da Silva (do lado do Evangelho).

Pormenor de túmulo da Capela-mor

São do século XV e estão ricamente decorados com elementos góticos, como contrafortes finos e pináculos. O túmulo de D. Lopo foi policromado, contudo apenas conserva alguns vestígios da sua policromia primitiva. A inspiração para estes túmulos poderá ter vindo dos túmulos da Capela do Fundador, no Mosteiro da Batalha, onde estão enterrados os membros da família do rei D. João I.

Azulejaria e frescos

Azulejos

Datáveis do século XVI, trata-se de um rico conjunto dos chamados azulejos hispano-mouriscos, hispano-árabes ou mudéjares. Herança dos artesãos mouros, provinham habitualmente de oficinas da Andaluzia, de onde eram encomendados e transportados para Portugal. No caso desta igreja, atribui-se a encomenda a uma oficina de Sevilha por D. Jorge de Almeida, bispo de Coimbra. Decorados com motivos geométricos, de padrões diversos, como laçarias e florais, e com cores vivas e apelativas, como verde, azul, amarelo e roxo, foram obtidos através de duas técnicas, a corda seca e a aresta.

Frescos recuperados

Escondidos sob os azulejos, espreitam exemplares extraordinários de frescos ou pinturas murais, que datam provavelmente do século XV. Os frescos decoravam a capela-mor, até que foram cobertos pelos azulejos no século XVI, regressando à luz do em diversas intervenções realizadas na igreja. Encontramos duas tipologias temáticas na pintura mural da igreja de Santa Maria do Castelo: o tipo decorativo, como é o caso dos frescos a descoberto por cima do túmulo de D. Diogo Fernandes de Almeida, que tomam a forma de um padrão decorativo de losangos preenchidos com barris de pólvora, e o tipo figurativo, geralmente com um tema religioso, como é o caso dos frescos que emolduram a entrada da capela-mor e os frescos à esquerda do túmulo de D. Lopo de Almeida.

Frescos recuperados

Moldura do políptico manuelino

Do primitivo retábulo sobreviveu apenas a estrutura que se observa atualmente na capela. Insere-se no estilo Gótico e foi executado em madeira entalhada, dourada e policromada. É composta por quatro pilares e, no meio, contém um baldaquino filigranado. Abrigada pelo baldaquino, está a escultura de Santa Maria do Castelo, Virgem com o Menino ao colo.

Políptico Manuelino

De pedra de Ançã, será do último quartel do século XV. O retábulo primitivo teria painéis de pinturas que representavam episódios bíblicos. Destes painéis apenas se conhece a Adoração dos Reis Magos, atribuído ao pintor Francisco Henriques, que poderá ser visto no MIAA, também em Abrantes.

Outras visitas

Castelo, Torre de Menagem e Palácio dos Governadores

Castelo de Abrantes

O Castelo e a zona envolvente constituem o mais ancestral e visível vestígio da fundação de Abrantes, resultante de razões estratégicas e militares associadas a uma localização favorável. Desconhecem-se as suas origens, sendo que os vestígios arqueológicos aqui encontrados permitem concluir que já na Idade do Bronze terá sido construído um primeiro reduto amuralhado, com recurso a pedras e terra, para proteção dos moradores. No século IX a XII, o morro parece ter voltado a ser habitado, dessa vez por populações islâmicas, tal como atestam os vestígios de torreões em adobe, adoçados à muralha da Idade do Bronze, identificados em escavações de 2015. Terá sido conquistado aos mouros pelo rei fundador da nacionalidade, no século XII, para defesa da linha do Tejo, em plena Reconquista Cristã. Segundo vários historiadores, D. Afonso Henriques terá mandado construir melhores defesas, tarefa continuada por outros reis. Durante as Invasões Francesas, teve um papel decisivo, nomeadamente ao nível do abastecimento da artilharia do exército do Duque de Wellington, tendo sido reforçadas as respetivas fortificações. Ao longo dos séculos foi alvo de várias transformações, a última das quais ocorreu já no século XXI (2002/04) através de uma intervenção global de valorização do espaço. Está classificado como Imóvel de Interesse Público.

Torre de Menagem

Localizada estrategicamente no ponto mais alto do Castelo encontra-se a Torre de Menagem, que já o devia integrar aquando da Reconquista Cristã, tendo sido remodelada no reinado de D. Dinis, entre 1300 e 1303. No século XIV voltou a ser alvo de uma remodelação significativa. Constitui um excelente miradouro detentor de uma das mais belas panorâmicas da região, com uma vista única num ângulo de 360º e num raio que pode chegar aos 70 km, permitindo contemplar as paisagens sobre a lezíria ribatejana, a charneca alentejana e as serranias da beira.

Sala dos Governadores

Dentro do Castelo encontra-se o Palácio dos Governadores, mandado edificar no século XV por Diogo Fernandes de Almeida, alcaide-mor, ficando localizado ao lado poente da muralha, tendo sido dotado de cinco imponentes torreões. No século XVIII, o 1º Marquês de Abrantes, D. Rodrigo de Almeida e Meneses, mandou-o reconstruir, enobrecendo-o. Em 1765, o Palácio do Marquês voltou a beneficiar de obras com alguma importância, dado que foi preparado para alojamento da embaixatriz de Castela. Cerca de trinta anos depois, em finais de 1798, efetuaram-se novas obras no Castelo e no Palácio do Marquês de Abrantes, para instalação das tropas da Legião do Marquês de Alorna. Nos séculos XIX e XX, o espaço foi sucessivamente adaptado para albergar unidades militares.

Jardim do Castelo

O jardim ladeia o castelo, a sul, encontrando-se nos antigos fossos que envolviam a fortaleza. Oferece panorâmicas deslumbrantes sobre o rio Tejo e a cidade de Abrantes, podendo, em dias de céu limpo, alcançar-se terras do Ribatejo, da Beira e do Alentejo, num raio de 70 quilómetros. Criado na década de 80 do século XIX, este miradouro muito procurado pelos amantes da fotografia tem uma longa história associada e o topónimo foi várias vezes alterado. Com recantos coloridos por vários tipos de flores, plenos de romantismo, sempre se assumiu como espaço privilegiado de fruição e de sociabilidade. Abrantes ficou conhecida como “Cidade Florida”, epíteto para que muito contribuíram as belíssimas placas ajardinadas do seu Jardim do Castelo.

Jardim do Castelo

Outeiro de S. Pedro

Reduto militar altaneiro situado nas imediações do Castelo, é um miradouro histórico com uma vista deslumbrante sobre a lezíria do Tejo e a planície alentejana. Segundo a tradição, terá sido aqui que D. Nuno Álvares Pereira pernoitou com as suas tropas antes de partir para a Batalha de Aljubarrota, com D. João I.

Outeiro de S. Pedro

Para homenagear os feitos do Condestável, a Câmara mandou ali erguer um monumento, inaugurado em 1968, com projeto arquitetónico da autoria de Duarte Castel-Branco e escultura de Lagoa Henriques, de estilo modernista, destacando-se uma cruz enorme que se avista ao longe. Este espaço de memória de defesa militar foi requalificado em 2016, por ocasião das comemorações do centenário da cidade.


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Horário de Funcionamento

Horário de verão: Terça-feira a domingo das 10:00 - 13:00 e 14:00 - 18:00. Horário de inverno: Terça-feira a domingo das 09:00 - 13:00 e 14:00 - 17:00. Encerra à segunda-feira e feriados (exceto 25 de abril, 10 e 14 de junho, 5 de outubro e 1 de dezembro). Última entrada 30 minutos antes do encerramento.

Visitas Orientadas e Serviços Educativos.(marcação prévia com antecedência mínima de 15 dias para museusdeabrantes@cm-abrantes.pt)

Preçário

Morada

Castelo/Fortaleza de Abrantes, Praça Dom Francisco de Almeida
Coordenadas GPS: 39º27’52.0’’N / 8º11’4.30’’W

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