08.10.22 a 26.02.23
Em as minhas arqueologias Heitor Figueiredo (1952, Braga) apresenta um conjunto alargado de obras que tem realizado nos últimos 25 anos. Socorrendo-se de diferentes formas geométricas, o artista reflete sobre um modo de ver e de viver num mundo muito próprio. A linguagem que utiliza parece advir de interferências oníricas, das quais o espetador apenas tem acesso a um pequeno vislumbre. Através de um processo arqueológico de respigar e resgatar, as peças cerâmicas revelam significados e signos, por vezes complexos, outros aparentemente simples.
As obras realizadas em cerâmica parecem ter diversas origens e desvelar outras tantas revelações. Volumes tridimensionais que se aproximam de barcos, naves, carros, arquiteturas monumentais e domésticas, objetos do quotidiano, figuras mitológicas, animais, entre outras, emergem das peças que o artista constrói. Através da conjugação de diferentes partes, como placas de cerâmica de diversas cores, pequenos objetos de madeira e outros de metal, o artista edifica pequenos momentos que contraem uma visão mais ampla da realidade que os consome. Este escape encaminha o espetador, mesmo o mais cético ou desatento, para uma fantasia fértil em que a imaginação divaga e navega por caminhos delirantes. O lugar, por certo, para que estes objetos se encaminham é a terra que lhes deu origem. A terra pode aqui ser considerada a partir de três pontos de vista: literal, físico e metafórico. Literalmente, porque as peças são feitas em barro e cozidas em fogo. Fisicamente, através das cores e das texturas, que refletem uma paisagem alentejana suavemente pontuada por pequenos elementos. E metaforicamente, porque pela sua precariedade e fragilidade as peças parecem desenterradas da terra, como se de objetos arqueológicos se tratassem. Considerando que a arqueologia, através da análise dos objetos encontrados, estuda a cultura da civilização que lhes deu uso, no caso destas obras, parece que a utilidade e a função desses objetos é questionada pelo humor e ironia que carregam consigo.
O mundo arqueológico de Heitor Figueiredo revela um passado intemporal que transporta o presente para um lugar de criatividade primordial, essencial para a descoberta de um futuro promissor.
Hugo Dinis
Artistas
Heitor Figueiredo
Curadoria
Hugo Dinis
Catálogo
Disponível para aquisição no museu
Exposições realizadas no MIAA - Museu Ibérico de Arqueologia e Arte:
2021
2022
2023
2024
Horário de Funcionamento
Terça-feira a domingo das 10:00 - 12:30 e 14:00 - 17:30. Encerra à segunda-feira e feriados (exceto 14 de junho). Última entrada 30 minutos antes do encerramento.
Visitas Orientadas e Serviços Educativos.(marcação prévia com antecedência mínima de 15 dias para museusdeabrantes@cm-abrantes.pt)
Morada
Jardim da República, 25, 2200-343 Abrantes.
Coordenadas GPS: 39º27’38.6’’N / 8º11’50.7’’W
Mapa